Conheça a história do Guaraná, fruto descoberto no munícipio de Maués
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AMAZÔNIA – Fruto nativo da Amazônia, o guaraná (nome científico: Paullinia cupana) nasceu em uma planta trepadeira ou cipó conhecida popularmente como guaranazeiro e uaraná. Seu nome vem do tupi ‘varana‘, que significa árvore que sobe apoiada em outra.
Hoje em dia, o fruto é tradicionalmente usado para fabricação de sodas, refrigerantes, termogênicos, xaropes, barras, pós e na indústria farmacêutica. Seu uso, que antes se restringia à tribo de Maués, se difundiu por todo Brasil.
O guaraná contém grande teor de cafeína, chegando a ter três vezes mais do que o café. Possui ação tônica cardiovascular, diurética, combate enxaquecas e cólicas, afrodisíaco, antiblenorrágico, regulador intestinal, diminui fadiga física e mental, sendo capaz de revigorar perdas orgânicas.
Na Amazônia, índios da tribo Sateré-Mawé (que leva o nome do município) fazem o uso da semente do guaraná há muitos séculos. Em torno de 1664, o padre jesuíta Felipe Bettendorf fez o primeiro relato sobre o guaraná encontrado no Amazonas:
“Têm os Andirazes em seus matos uma frutinha a qual secam e depois pisam, fazendo delas umas bolas que estimam como os brancos o seu ouro. Chama-se Guaraná. Desfeitas com uma pedrinha em cuia d’água, dão tanta força como bebida que indo à caça um dia até outro não sentem fome, além do que tiram febres, cãibras e dores de cabeça.”
Em 1826, o guaraná foi estudado pela primeira vez por Carl Von Martius, que recolheu amostra do fruto, quando as informações sobre finalidades terapêuticas já corriam entre europeus.
O município de Maués, atualmente é conhecido como Terra do Guaraná. Local onde foi encontrado pela primeira vez, também carrega o peso de ser o maior produtor de guaraná da Amazônia e tem a economia local em torno da cultura do fruto.
Em 2020, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) reconheceu a terra indígena Andirá-Marau, do povo Sateré-Mawé como indicação geográfica para o guaraná nativo.
A denominação certifica o produto como originário de Maués, com identidade própria e características essenciais a fatores naturais, sendo a primeira indicação geográfica utilizada por indígenas no Brasil.
O registro possibilita a proteção e identificação do guaraná beneficiado pelos Sateré-Mawé, auxiliando a manter a cultura milenar.
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